“Dora e a Gata” e a importância das boas companhias

Acervo Pessoal

Lançada em novembro de 2019, a HQ “Dora e a Gata” veio ao mundo em formato de livro graças ao financiamento coletivo organizado pela autora e a contribuição de vários fãs, curiosos e amantes de quadrinhos. Por causa da publicação de trechos da história, as personagens que dão nome ao livro já tinham se tornado queridas pelo público que acompanha a Helô D’Angelo em seu Instagram antes mesmo da campanha do Catarse ser lançada.

Dora conquistou tanta gente porque seus dilemas são próprios ao início da vida adulta de nossa época. Sonhos que não cabem no que se entende como prático, trabalho desagradável, conflitos com a família, problemas de autoestima e relacionamentos abusivos.

Já a Gata nos seduziu do jeito felino de sempre: chegando de mansinho, precisando de cuidado, aprontando algumas e, claro, sendo fofa e uma boa companhia. Logo, Dora e a Gata se tornam uma boa dupla. Com a felina, com seu jeitinho único, ajudando Dora a entender que precisa se cuidar e também confiar mais em si mesma.

O poder dessa história está em mostrar a importância de se ter uma boa rede de apoio. Quando Caio, namorado da protagonista, age de maneira cada vez mais abusiva, Ceci e a Gata estão ali para Dora, mesmo quando ela quer se isolar de todos. São elas que dão confiança para que a personagem sinta que não precisa de um namorado como ele e a ajudam a perceber que todas aquelas dúvidas e sentimentos que ela tem sobre os comportamentos de Caio com ela não são fruto de exagero, como ele diz que são.

Um dos detalhes que chamam atenção nessa HQ é a presença de cenas cotidianas que incluem a leitura de livros, o uso de celular, as tarefas de casa, as refeições, a escrita, várias trocas de roupas, a hora de dormir e de acordar e afins. A partir desses momentos, Helô D’Angelo constrói a ambientação dessa história enquanto nos conta a natureza das relações que cercam a protagonista e mostram o amor presente em uma bela amizade entre mulheres se transformar em algo mais. E, de quebra, nos dá boas dicas literárias, como “Nossa Senhora do Nilo”, da Scholastique Mukasonga e as autoras Angela Davis, Chimamanda, Harper Lee, bell hooks e Sylvia Plath.

O que fica após o término dessa leitura é a certeza de que as boas companhias são aquelas que nos apoiam, incentivam e nos amparam quando precisamos. Elas são essenciais para que a gente consiga correr atrás dos nossos sonhos e viver bem. Aprendemos isso com essa história e, se a gente for parar para pensar, também com o processo de publicação de “Dora e a Gata” e outras obras independentes. Afinal, um financiamento coletivo ou algo do tipo é, antes de qualquer coisa, um meio de apoiar e dar um voto de confiança a um projeto de alguém. E isso, em tempos em que compartilhamos, na maior parte das vezes por necessidade, tantas denúncias, desgraças e “polêmicas” e poucas coisas boas, acaba sendo uma forma de sonhar junto.


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Publicado por

Thaís Campolina

O que falta em tamanho sobra em atrevimento. Isso foi dito sobre um galinho garnisé numa revista Globo Rural dos anos 80, mas também serve pra mim.

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