Meu museu de papel

Em algum momento entre 24 de abril e 2 de setembro de 2007, eu estive com a escola no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. Essa foi a primeira vez que visitei a cidade e um dos meus contatos mais esperados com a literatura, a palavra e a memória.

Lá eu ganhei uma caderneta que tem estampada uma foto da Clarice Lispector e, por incrível que pareça, eu ainda a uso. Mexer nela é muito estranho. É transitar por diversas épocas da minha vida. O passado distante, mas também aquele mais próximo, convergem no hoje, no agora.

Tem anotação de pontuações de jogos de baralho, protocolos, rascunho de trabalho de geografia, brainstorm para texto do Ativismo de Sofá, poemas que me contam sobre sofrimentos que nem lembro, lista de possíveis temas para meu TCC em Direito, trechos aleatórios de livros do Guimarães Rosa e até as anotações da palestra que dei dia 03/08 desse ano e do livro que li ontem.

É um caos, mas é um caos tão meu que é até bonito, principalmente porque toda vez que olho a capa desse caderno, eu me lembro dessa época em que eu descobria Clarice, Leminski, Caio Fernando, Carolina Maria de Jesus, Graciliano Ramos, Machado e o livro “26 poetas hoje”. Visitar esses papéis, enquanto eu escrevo o agora na folha da frente, é passear no museu particular de descobertas que me tornaram quem eu sou.


Nessa mesmíssima época, eu também descobria Fernanda Young, mas isso eu só me lembrei alguns dias depois de escrever esse texto, quando saiu nos jornais a notícia triste do falecimento da escritora. Fiz uma breve homenagem a ela e ao que ela me ensinou com sua obra em um texto que postei em minha página no Facebook na data. Confira aqui.


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