
Eu escrevo desde que me entendo como gente. Eu escrevo o que penso, sinto, crio, quero. Escrever pra mim sempre foi sinônimo de existir. Escrevia porque eu estava ali, porque eu existia e sabia disso.
E hoje parei para pensar sobre a minha vontade de me mostrar existente mesmo tão nova e percebi como isso tem a ver com se sentir invisível. Eu era uma menina. O que eu pensava, sentia, criava e queria era invisível, desimportante, visto como uma brincadeira ou desde já como uma futilidade. Futilidade, essa palavra que persegue a existência das mulheres.
Escrevia, como escrevo hoje, também para preencher essa lacuna de silêncio sobre o mundo que não é o masculino. O mundo dos que são vistos como desimportantes. Escrevia, como escrevo hoje, também pra rejeitar o que diziam, e ainda dizem, que eu devo ser e querer ser. Escrevia, como escrevo hoje, pra me lembrar que o que penso, sinto, crio e quero são parte do mundo, por mais que joguem tudo isso para um nicho específico. Escrevia, como escrevo hoje, também pra não deixar a raiva corroer tudo que há de bom dentro de mim. Escrevia, como escrevo hoje, por ser apaixonada por histórias e querer impactar as pessoas como tantas tramas me impactaram e impactam. Escrevia, como escrevo hoje, para refletir sobre o que me faz ser quem eu sou. Escrevia, como escrevo hoje, para entender o que eu e o Outro temos em comum. Escrevia, como escrevo hoje, para criar pontes entre o mundo que eu conheço e vivo com o que ainda não existe.
Escrevo, porque escrevo. Escrevo, porque existo. Escrevo, porque aprendi, a partir da escrita, o poder do desejo de criar.
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