
A gente perde as palavras
quando vê
que a morte
e o medo
são os meios
Os projéteis
enfiam na pele
Impedem a voz
destroem o corpo
perfuram os órgãos
a carne
a vida
Cada um deles
tenta
fazer desaparecer
a presença
de quem
respirava ontem
A morte
está vestida
com roupa de gala
coberta com farda
feita com as fibras
do poder
O silêncio não é quietude
nem sossego
é imposto por balas
facas
sumiços
dor
qualquer dor
Não há calmaria
a esperança
é o alvo
#MariellePresente — 15/03/2018, poema escrito um dia após a brutal execução de Marielle Franco, vereadora do PSOL e militante de direitos humanos com foco no combate do genocídio da população negra e contra abusos estatais, e do motorista Anderson Pedro Gomes.