
Tenho certeza que você já ouviu alguém dizer que mulheres nunca descobriram ou inventaram nada e que o sexo frágil não participou de momentos de guerra ou de desenvolvimento científico. Isso é uma mentira.
Numa tentativa de desqualificar o feminino, muitos ignoram as mulheres que, apesar da conjuntura desfavorável, conseguiram romper barreiras e ter seus feitos documentados e o contexto de subjugação patriarcal que perdura por séculos e começou a mudar de forma mais concreta somente há cerca de cem anos.
O livro “Wonder Women — 25 mulheres inovadoras, inventoras e pioneiras que fizeram a diferença”, escrito por Sam Maggs e ilustrado por Sophia Foster-Dimino, fala de mulheres que quebraram padrões e fizeram história, mas que são desconhecidas pela maioria das pessoas.
Ao narrar a trajetória de cada uma delas, Sam Maggs usa uma linguagem divertida e, com humor, faz pontuações importantes sobre a realidade da época em que cada uma viveu.
Muitas vezes a própria história contada já evidencia a desigualdade e os desafios que as mulheres enfrentavam. A luta para adentrar numa faculdade e cursar o ensino superior tangencia a história das notáveis Elizabeth e Emily Blackwell, por exemplo. O Efeito Matilda acontece quando as contribuições científicas feitas por mulheres são atribuídas a homens e isso é exposto quando se fala em Lisa Meitner, física nuclear austríaca, e Alice Ball, química e pesquisadora médica dos EUA. Outras formas de discriminação aparecem também nas histórias de espiãs, inventoras e aventureiras. Ler essa obra é se deparar com os obstáculos que mulheres foram obrigadas a lidar por séculos e com a luta de cada uma para viver como protagonista de sua própria vida diante desse contexto.
Quantas histórias de mulheres incríveis se perderam porque a sociedade machista atribuiu seus feitos a um homem? Quantas foram esquecidas devido a invisibilidade das obras de seu gênero? Quantas deixaram de acontecer por causa da exclusão das mulheres de diversos espaços? Quantas mulheres foram apagadas também por causa de sua cor? E de sua sexualidade? Inúmeras e as engrenagens que fazem a história parecer ser feita apenas por homens, brancos e héteros segue funcionando. Como podemos dificultar que esse mecanismo siga da mesma forma?
Fale das mulheres que conhecemos os nomes e das que desapareceram nos meandros da história. Fale das descobertas, invenções e conquistas que foram feitas por mãos femininas. Fale delas. Espalhe o quanto o mundo tentou apagar o que foi realizado por elas e, mesmo com tudo ao seu favor, nunca conseguiu por completo. Celebre a coragem das que abriram as portas para todas. Crie narrativas para preencher as lacunas ficcionais de séculos de obras em que mulheres eram só musas. Fazer isso não é buscar apagar as contribuições dos homens, é apenas uma tentativa de visibilizar o que deixou e ainda deixa de ser visto por causa da dominação masculina e branca.
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