
Nesse conto, recém-lançado na Amazon, Carol Vidal narra uma história de descoberta, ancestralidade, trauma e amizade. Em poucas páginas, a autora constrói um cenário bem brasileiro, com a história se passando na Ilha de Marajós, e apresenta ao leitor imagens únicas como a de uma revoada de guarás.
O tempo e a memória são temas que perpassam todo o conto. Carol usa essas questões para aproximar o leitor dos sentimentos da protagonista e para, em segundo plano, também possibilitar reflexões sobre o pouco que conhecemos sobre a origem do nosso país e o perigo da história única que apaga da memória coletiva a resistência, o conhecimento e o patrimônio de diferentes povos.
Conhecemos muito da mitologia greco-romana e quase nada sobre a mitologia das diversas etnias indígenas que vivem ou viveram no território hoje conhecido como Brasil. Exploramos a magia e a imaginação a partir de livros e filmes como a série Harry Potter, mas pouco criamos ou lemos ou mesmo assistimos obras que tratam sobre histórias fantásticas que se passam longe de Londres, em ambientes bem mais próximos de nós. Carol quebra com esse padrão ao trazer um enredo que acontece no norte do Brasil e que fala de magia, museus, retorno às heranças ancestrais e investigação de artefatos de povos originários como uma forma de contar uma história.
“Raízes de fogo” é sobre a importância de voltar às origens, tirar certas narrativas da invisibilidade e assim achar seu espaço no mundo. O conto acaba com gostinho de quero mais. Quando sentimos que conheceremos mais a protagonista e a história de seus pais e seu povo, o fim do livro chega. Uma pena. Dá vontade de pedir a continuação. Que essa história seja o prólogo de uma maior.