
ninguém queimou livro nenhum
rasgaram alguns poucos
eram sobre direitos humanos
e foi na surdina
no silêncio
no conforto
de uma biblioteca
os livros
ocupavam sua morada
prateleira de direito
provavelmente
em ordem alfabética
para serem desordenados
pelo leitor que não respeita
as regras
e devolve para prateleira
o que lê na mesa
dessa vez
a desordem que veio
não foi um grifo ansioso feito por uma lapiseira
foram páginas e mais páginas rasgadas
inclusive a que tinha uma foto que dizia
ditadura
nunca mais
esse poema faz parte do meu livro “eu investigo qualquer coisa sem registro”, obra que foi selecionada para publicação no concurso Poesia InCrível de 2021. se você gostou, deixe um comentário, compartilhe com seus amigos e me acompanhe também pelo Medium, Facebook, Twitter, Tinyletter e Instagram.