Perguntar é processo criativo, tentar responder também, conseguir eu já não sei se é

Acervo pessoal

Quem escreve vive se deparando com essa pergunta. Não necessariamente vinda do eu, no caso. Ela chega, na maioria das vezes, em tom de inquérito e na voz de um outro alguém, mas às vezes fica, e reverbera com esse eu bem destacado e acaba virando investigação pessoal, obsessão, tragédia, caso de família, sessão de terapia e até tema de livro.

O “por que você escreve?” sempre vem intimidador e pode permanecer assim até quando o pronome muda. Eu mesma nunca soube dar uma resposta definitiva ou mesmo satisfatória para essa indagação. Seja ela vinda do você ou do eu.

Sei lá. Acho que gosto justamente é dos muitos porquês possíveis e da expectativa de ficar transitando na vida e nos textos a partir do desejo no sentido mais amplo da palavra. Busco o movimento que a escrita evoca, não a rigidez das respostas.

Ainda que todo questionamento importe, nem tudo precisa de fins e certezas. Principalmente quando estamos falando em criação. Às vezes os meios importam mais.

Esse texto foi publicado originalmente no meu perfil do Instagram. Se você gostou, deixe um comentário, compartilhe com seus amigos e me acompanhe também pelo Medium,  Facebook,  Twitter,  TinyletterApoia.se e  Instagram.

Conheça Maurício

Oi, Brasil. Oi, Rede Globo. Meu nome é Maurício e eu sou professor universitário e escritor. Tenho 35 anos, moro em São Paulo e decidi que precisava me inscrever nesse programa, porque a vida em confinamento com lindas mulheres, boas festas, pessoas muito diferentes de mim e desafios de convivência me parece ser o material perfeito para me inspirar a escrever um futuro romance sobre a experiência.

Se eu me entregaria para o amor dentro do jogo? Claro que sim, para isso estou sempre aberto. Não tenho medo de viver qualquer história. Mesmo frente às câmeras. Já sou acostumado a colocar os holofotes sobre a minha vida a partir da escrita, entende? Já escrevi até sobre minhas broxadas e minhas musas. Me doarei por completo para o programa, como já faço na escrita.

Se eu tenho medo de acabar ganhando fama de vilão? Não, não tenho, sou professor e já estou acostumado com isso, Brasil. Não se engane com essa minha carinha de homem sensível e quietinho, eu sou o terror nas bancas de monografia e já aviso desde já que não tenho medo de jogar. Eu quero um milhão e meio de reais na minha conta.


Corta para Maurício na casa comentando com os outros homens do confinamento sobre o corpo de cada uma das participantes e posteriormente conversando na primeira festa com a eleita como a maior beldade da edição. Depois de umas três elofensas a ela e dez autoelogios, ele comenta “Você já ouviu falar do Jabuti? Eu só nunca ganhei porque nunca me inscrevi” e sela sua fama de feio sem noção.


Corta para a saída do escritor e professor no 6º paredão, seu 1º.


Esse texto foi feito a partir do #EscritaNaQuarentena, desafio de escrita criativa proposto pela Stefani Del Rio para a gente tentar se distrair um pouco durante esta pandemia. A proposta do segundo dia era criar um personagem do zero e escrever o texto de apresentação dele ao entrar no BBB e esse foi o resultado final do meu trabalho. Saiba mais sobre a ideia nesse post do Twitter ou no Medium, participe e se divirta.