Vadiagem qualificada

Imagem da Greve de Mulheres islandesas de 1975 feita por Olafur K. Magnusson.

aos vagabundos da história
agradeço
meus direitos
de origem resistente

muito além de artigos e leis
eles vivem
em forma de livros
ou correm no sangue
daqueles que sonham bonito

são os vagabundos
que param
as forças
de um governo fracassado

são as vagabundas
que puxam o grito
daqueles que peitam
o que é dito
da luta
substantivo feminino

pneu queimado,
pelas mãos suadas
de uma baiana arretada
incendeia de coragem
o peito daquele que grita
por sobrevivência
digna

Ouça:
é com a rua que se negocia
seja cheia
ou vazia
obstruída
quem para tudo
são as vagabundas
decididas


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Farelo de pão

Fotografia tirada por mim nas ruas de Belo Horizonte.

sinto o meu amor próprio
como farelo de pão

ainda em miúdos,
mas com o poder de se espalhar
e tomar tudo

ainda em pedaços,
mas sabendo que é parte
de um todo que foi despedaçado

ainda alimento,
mesmo que não seja sustento

ainda incômodo,
sobretudo para quem se acostumou
a me ver contida
em uma caixinha
de auto ódio


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sou dessa laia

sou da laia das mulheres odiosas
das que levantam a saia quando querem
e se metem onde não devem

sou da laia das que racham o silêncio
e não engolem palavras afiadas
nem respostas
nem histórias

sou da laia das tagarelas, matracas, faladeiras
das que não subestimam seus desejos
e enchem a boca para dizer sim e não

sou dessas com quem nem o diabo pode
da laia das degeneradas, corrompidas, decadentes,
menos mulher por achar que é gente

Se você gostou desse texto, deixe um comentário, compartilhe com seus amigos e me acompanhe pelo Medium, Facebook, Twitter, Sweek, Wattpad, Tinyletter e Instagram. Essa poesia foi originalmente publicada no portal Fazia Poesia em uma parceria feita por eles com a publicação Fale Com Elas. 

Tomate

Ilustração minha. Descrição: vários tomates feitos de canetinha soltos pela página.

Não sou suave, sou pesada e mais densa que a água.

Nas profundezas, eu habito. Aqui rio, canto, choro, vivo, amo e morro, enquanto mergulho num líquido que mais parece um molho.

Viajo no escuro, entre o medo e a coragem e sentindo gosto de tomate.


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